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Sᴇᴛᴇ ᴇsᴛᴜᴅᴏs ᴘᴀʀᴀ ᴀ ᴍᴀ̃ᴏ ᴇsǫᴜᴇʀᴅᴀ
(Paulo Henriques Britto)
II
Tento dizer: a tarde tem o tom
exato de outra tarde que conheço,
mas qual? (Mas neste instante escuto o som
de uma outra voz, que é minha e desconheço,
e o que ela diz é belo, é certo e é bom.
Mas o que digo assim não reconheço.
É como um deus de bolso, esta presença
que o próprio gesto de negar evoca.
A voz é dela, embora me pertença
a música. E mais a mão que a toca.)
Naturalmente, enquanto isso a tarde
se apaga, anêmica, despercebida,
e vem a noite, com seu negro alarde.
Desde o começo a causa era perdida.